verdade, mentira e fantasia

1.

ao vestir roupas de festa, fora do costume, parecemos estar fingindo, e talvez estejamos mesmo. pessoa estava certo sobre não estar certo sobre sentir a dor que se finge ou fingir a dor que se sente.

2.

muito de viver é tornar-se. e como o tempo só passa pra frente, só envelhecemos. assim, tornar-se adulto também é acostumar-se a uma fantasia. existem marcas de que a vida adulta começou, algumas mais visíveis que as outras. pra algumas pessoas é mais visível que pra outras. ainda assim, sempre temos a opção de ignorar tudo isso amplamente e jogar na conta de uma personalidade que os demais têm de aceitar, senão pelo amor, ao menos pela inevitabilidade de acabar tornando-se quem se é.

fingir essa infantilidade conscientemente é paradoxal, porque exige um cinismo muito amadurecido.

3.

mas se tudo é fingir. se tudo é roupa. vestir-se não pode ser tão mentira assim. e nem a pele será assim tão verdade. verdade e mentira aqui estão para além de um sentido moral. quem não entende isso, deve ter dificuldade em entender que nem sempre estar certo importa. eu, por exemplo, não entendi.

4.

roupa é máscara e quem sabe usar a máscara, geralmente, também sabe mostrar o rosto. caso contrário, a máscara e o rosto podem mudar de lugar. alguém pode encontrar-se completamente encoberto enquanto nu e totalmente nu enquanto vestido.

5.

se é que tudo isso exige alguma consciência, algum cuidado, o cuidado reside tão somente em não acostumar-se às fantasias,

afinal, tantas e tão diferentes são as ocasiões.

e, por ora, é isso.

valeu, falou.